segunda-feira, 1 de junho de 2009

Análise: Velvet Assassin (2009)


Independente do jogo ser tão prazeiroso quanto um orgasmo ou tão ruim quanto cagar com hemorroidas nível 4, há um problema em comum com todos eles: a capa.

Sim, a capa.

Capa, cover, box ou seja lá como você quiser chamar, em 99.9% é aterrorizante e os outros 0.1% dividem-se entre ruim, razoável, bom e muito bom, considerando que a porcentagem desses dois últimos é invisivel a olho nu.

Por isso dou graças a Deus que raramente a capa classifica o que um jogo deve ser.

Justamente por isso jogos com capas lindas me chamam a atenção. É coisa rara de ver. Por mais fudido que o jogo pareça ser, o box é o suficiente para atrair minha atenção.

E foi justamente o caso de Velvet Assassin.

Olhem pra capa. Não é uma das coisas mais belas que você já viu?

Sim, me refiro não só a mulher como também ao "resto" e ao "molde artístico" dela (da capa, não da gost... mulher).

E chega. Vamos direto ao ponto: a capa é uma maravilha... e o jogo?

Soldado estúpido. Não vai nem saber o que te matou.

Comecemos do início inicial e... iniciando!

A história retrata uma agente britânica que fazia vários tipos de "serviços" (não sexuais, lamento) que incluía matar generais importantes aliados a hitler. É baseado em uma história real até.

É muito mais coisa que isso, mas dá pra resumir vagamente assim.

Você pode até dizer: "Porra, segunda guerra de novo? Chega de segunda guerra!". Eu até entendo você, mas não concordo.

Por quê? Porra... segunda guerra tem mais história do que poderia se contar de toda a idade média.

O que? RPGs? RPGs são coisas inventadas que se BASEIAM na idade média, não que são iguais. Dragões, guerreiros valentes que lutam por uma mulher, reinos em que o rei é idolatrado. Isso tudo não existe e nem existiu.

É esse o melhor momento para falar: "que grande descobrida você fazeu".

...

Uma das animações de morte "por trás"

Enfim, voltando a VA: é claro que uma agente sozinha não vai poder contra 500 mil nazistas, então qual é a solução? Não, ela não é esposa de Neo e nem de Rambo.

Ela é uma agente "ninja".

Sim, é o típico jogo "stealth". Daqueles que você tem que se esconder o tempo inteiro e se for encontrado pode declarar sua morte.

Eu não sou fã desse tipo de jogo, na verdade detesto. Mesmo gostando de jogos estratégicos e que seja legal matar sem ver... continuo detestando. Esse é o motivo porque nunca fui fã de Splinter Cell, mesmo com muitos dizendo que é um jogão.

Mas pela arte gráfica da capa resolvi dar uma chance.

O cenário dá até uma impressão artística e o reflexo ajuda.

Bom, a primeira fase se passa em lugar no meio do nada e você aprende como deve matar os inimigos. Para facilitar o jogo te dá um soldado alemão bêbado de graça. Mesmo se você for correndo em direção a ele, este não vai te enfrentar.

De legal logo no início é o cenário. Se passa em um dia de outono que as folhas caem em quantidade e isso deixa ele bem mais belo. Não apenas isso como também o jogo incrivelmente transforma um cenário claro e aberto em um perfeito pra stealth. Claro que você não vai sair correndo e não vai ser visto, mas dá para se esconder facilmente nas sombras.

Os gráficos em geral não são excelentes. Pode-se dizer que são apenas comuns. É perceptível que o jogo utiliza um sistema muito parecido com Fallout 3 em reflexos para deixá-los mais bonitos. O caso é que se Fallout 3 tinha a desculpa que era gigantesco para ter gráficos não tão excepcionais, não existe isso em Velvet Assassin. Os gráficos não são ENORME coisa e poderiam ser bem melhores e ainda há slowdowns que podem atrapalhar e muito considerando o conceito do jogo.

A jogabilidade é digamos... "acostumável". O jogo é em terceira pessoa e o HUD não é confuso. O indicador de vida é nada mais que seu corpo mostrado em branco (quanto menos vida, mais baixo o branco fica). Quando você está teoricamente "invisível" para os inimigos, aparece uma borda azul em torno desse ícone. Em pouco tempo você descobre que a borda fica piscando em vermelho quando você chama a atenção de inimigos e eles sabem onde você está. A borda para de piscar quando eles estão te procurando, mas tem dúvida se realmente te viram ou se foi apenas um barulho qualquer.

O número de armas e balas disponíveis é bastante escasso. Você começa apenas com uma faca que é quase inútil se utilizada em um ataque corpo a corpo. Por algum motivo não dá para pegar as armas dos inimigos (que tem metralhadoras MP40).

Se disfarçar como general alemã é uma das estratégias para não precisar se matar a toa.

A primeira fase é como se fosse um tutorial. Primeiro ensina a você matar em stealth (o alemão bêbado), depois ensina a fazer estratégias para matar inimigos em conjunto (o que sua personagem pensa aparece em voz alta para você. Nessa ocasião ela pensa: "Tenho que esperar até que eles se separem", com um sotaque britânico sexy. hahaha), depois ensina a se abaixar para passar por buracos pequenos, ensina que os matos também podem ser escolhidos para se esconder, porém se você se mover perde o stealth até parar de se mover (caso continue no mato, claro) e finalmente ensina a utilizar a morfina.

A morfina não é nada mais que uma simulação de "tranquilidade". O tempo simplesmente para e até a morfina acabar, você pode pegar um cara pela faca, mesmo se ele estiver de frente pra você. Na simulação da morfina a personagem aparece com uma lingerie e tem uma chuva de flores caindo. Você não pode se abaixar (pelo menos nunca tentei e mesmo se utilizar a morfina abaixado, aparece correndo) apenas correr e dura apenas por alguns segundos. Não é possível carregar mais de uma morfina por vez e conforme as fases vão avançando o uso desta pode salvar seu traseiro. Nessa primeira fase é praticamente obrigatório o uso de morfina, porque o soldado que você vai enfrentar está de frente e nunca dá as costas.

Não há explicação pelo motivo de que a morfina haja desta forma, mas presumo que indique justamente o desejo da sua personagem: a paz temporária. Nem tudo precisa ser necessariamente explicado, né?

-BEHIND YOU!
-WHAT TH... AHHH!


A segunda fase já é em um local mais escuro e fechado e você já começa a utilizar armas: uma pistola silenciadora. Claro que bate a felicidade e você tem vontade de usar ela em tudo que é infeliz, mas logo você descobre que fez um grande desperdício de balas.

Se na primeira fase você não precisa utilizar a estratégia de mover corpos mortos para estes não serem vistos, na segunda isso já vai facilitar sua vida.

Existem outros tipos de estratégia que você logo descobre ao passar do jogo: quebrar fusíveis para desabilitar luzes, atirar a esmo apenas pra chamar atenção, correr com o mesmo objetivo, deixar um cara morto no caminho justamente para este ser visto e você poder matar os inimigos de outros ângulos e etc. Não é grande coisa, mas digamos que é "variadinho".

Com essas observações o jogo parece ser ótimo. De início eu realmente gostei bastante, mas não demora muito a se perceber problemas:

Você não pode se basear apenas por estar em um local nitidamente escuro. Por mais que pareça que você está protegidíssimo e invisível, se não aparecer a borda azul melhor temer a sua morte. As vezes você está em um local que até alguém com 10 graus de miopia te veria, mas tem a borda azul e as vezes você está em um local que quase não se vê e é visto pelos inimigos. Isso força a você "depender" de olhar pro ícone para ver se a borda azul aparece.

A inteligência artificial é completamente estúpida. Você pode atirar em alguém e se este não morrer e você estiver escondido ele só vai procurar praticamente onde você atirou. Se mover para um canto e ficar lá é mais do que o suficiente para despistá-lo e este desistir de te procurar. Que tipo de pessoa tomaria um tiro por trás, procuraria vagamente de onde veio e se não encontrasse desistiria?

Desligar rádios chama a atenção dos alemães estúpidos e podem ajudar bastante no jogo.

As diferenças entre a pistola silenciadora e o Luger (uma pistola comum de alemães na segunda guerra) não são grandes. Uma pistola silenciadora chamará a atenção de todos que estiverem por perto caso um soldado seja assassinado, só não chamará a atenção de quem estiver um pouco mais longe. A luger é mais forte, tem mais balas disponíveis ao decorrer do jogo, por não ter um silenciador tem um range maior e chamará a atenção quase do mesmo jeito que a silenciadora, pois nos únicos momentos que há inimigos por todo o redor, utilizar maneiras stealth é totalmente inútil.

Sobre o fim do paragrafo acima, esse é um ENORME problema. O jogo todo obriga a você se esconder e nas últimas fases é necessário dar uma de "Rambo". Quer zerar? A vontade, mas se prepare porque a jogabilidade e a fraqueza de sua personagem não ajudam em nada para dar uma de "soldado de Call of Duty" quando é realmente necessário ser.

Os slowdowns são frequentes e inexplicáveis. Em alguns momentos do jogo estes ocorrem justamente quando NÃO PODERIAM ocorrer.

Não pode salvar no jogo. É registrado checkpoints em momentos já determinados pelos criadores. O legal é que se você desistir de jogar em determinado momento, vai carregar o local do checkpoint e não o início da fase. O problema? Em mais ou menos 30% das vezes tais checkpoints demoram de acontecer, e/ou acontecem em momentos desnecessários e/ou acontecem nos piores momentos possíveis. Uma opção de salvar em qualquer lugar tornaria o jogo MUITO MAIS divertido e MUITO MAIS agradável.

Na última fase há um bug que você é visível até por um avião a 10 mil pés de altura e aparece a borda azul. Você acha que então está protegido, já que a maldita borda aparece, mas não é. De repente os inimigos atiram em você e não adianta correr.

E, como já comentado acima, deveria ao menos ter alguma explicação porque você não pode pegar as armas dos inimigos quando estas poderiam ser MUITO úteis.

De resto o jogo compensa com a boa história, os flashbacks legais e o "clima artístico" em si. Mesmo com os gráficos não sendo excelentes, o cenário é bem feito e diferente e o jogo em si também é. É agradável de se ver que finalmente variaram em algo que relata a segunda guerra.

Nada como apreciar essa vista lind... ooohhhh!

Então, vamos concluir:

Velvet Assassin é um jogo razoável. Não entrará na história por diversas falhas ridículas que seriam facilmente resolvíveis com um pouco de dedicação e atenção.

Vale a pena de ser jogado pelas suas vantagens, mas o jogador tem que estar ciente dos defeitos e acostumar com eles. Isso é chato, mas se você é fã de jogos com a temática de segunda guerra é um esforço razoavelmente recompensado.

Avaliação técnica das categorias:

Não avaliarei a versão PC. Não cheguei nem ao menos ver como esta seria, mas parece que não há grandes diferenças (no máximo graficamente falando).

Gráficos:
Apenas bons. O sistema de reflexo dá uma pequena melhorada. Conta com slowdowns chatos e que podem fazer você desistir de jogar se não for um gamer paciente.
Avaliação: 7,0

Artístico:
Há um molde artístico no jogo, mas como a categoria "artístico" refere-se mais ao surrealismo, Velvet Assassin não se encaixa nessa categoria.
Avaliação: NA (Não aplicável)

Diversão:
Matar inimigos a escondida e esconder seus corpos faz você se sentir como "dono do mundo"... OK, menos. Digamos que é um bom passatempo. A diversão é bem prejudicada pelos slowdowns frequentes e pelos checkpoints nos piores momentos, mas dá pra aguentar.
Avaliação: 6,0

Replay:
Não há multiplayer. Zerou, zerou. Não há também nenhum incentivo para zerar mais que uma vez, nem mesmo o achievement de zerar em menos de 5 horas.
Avaliação: 4,0

Jogabilidade:
Mesmo não sendo muito boa para "soldado de Call of Duty" nas últimas fases, é boa o suficiente para não ter grandes problemas. Dificilmente a culpa de você morrer no jogo é da jogabilidade.
Avaliação: 9,0

Dificuldade:
Inteligência Artificial rídicula. A última fase é uma indigestão imensa. Um real fail dos criadores.
Avaliação: 2,0

Diversidade:
Em cenários é bastante variado pois nenhuma fase é igual, em armas não é tanto e nas estratégias é repetitivo as vezes. Apenas normal.
Avaliação: 6,5

Som:
Os efeitos sonoros são de boa qualidade e a única desvantagem das músicas é que são repetitivas, mas aparecem no momento certo e quase 100% das vezes são combinativas.
Avaliação: 8,0

Multiplayer:
Inexistente. Também nem haveria muito o que explorar nesse tipo de jogo.
Avaliação: NA (Não aplicável)

Geral:
Velvet Assassin poderia ser um grande jogo se fosse melhor explorado e feito com melhor dedicação. Infelizmente por causa das falhas se tornou um jogo comum.

Provavelmente será esquecido em pouco tempo e zerar não é tão satisfatório assim. Uma pena, porque poderia ser muito melhor.

Vale a curiosidade e não a satisfação.

Avaliação Final: 6,6 / 10 (Mediano)


TOME! TOME! TOME! MORRA! MORRA! MORRA!

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Por agora, é isso.

Dessa vez resolverei dar uma surpresa e não revelarei o que farei no próximo post.

Isso pode ser chamado também de: "Não tenho nenhuma idéia para análises futuras, então enrolarei vocês achando que postarei algo grandioso e no fim é algo frustrante que não vale a expectativa".

Então, até breve!

o/